terça-feira, 1 de março de 2011

As faltas e ausências.

Sinto saudade de ter tempo.
Sinto saudade de tomar café a tarde.
Sinto saudade de ler dostoievski, tolstói, kafka e contar pra todo mundo sem ninguém entender nada.
Sinto saudade de encontrar encantos na cotidianice, de ver milagres no pôr-do-sol, de me apaixonar pelo raiar do dia.
Sinto saudade das ideologias, das revoltas, das lutas..
Sinto saudade de falar, falar, falar sem esperar ser compreendida, sem esperar ser ouvida, sem esperar....
Sinto saudade da inquietação, da ansiedade..
Sinto falta das mãos suando, do peito apertado, da sensação de sufoco, da quentura no corpo...
Sinto saudade de escolher, sem medo, sem preocupação, sem consequências.
Sinto saudade dos filmes.. dos livros.. das conversas..
Sinto saudade da inconsequência, da intemperança, da inconstancia..
Sinto saudade de todas as tolices adolescentes.
Sinto saudade da vivacidade, da esperança, dos sonhos grandes ...
É isso, sinto saudade de sonhar.. mesmo acordada.
Sinto saudade das horas perdidadas.
Sinto saudade de toda aquela impressão tola e adolescente de superioridade.
Sinto saudade de não entender as coisas e pensar que já sabia tudo.
Sinto saudade de não me importar.
Sinto saudade da busca incessável pela legitimação, por algo único.
Sinto falta da busca inacabável por algo que eu nem sabia o que era, e que, francamente, ainda não sei.
E sinto muita falta do Drama, de pensar que tudo era o fim do mundo.
Morro de saudade de achar que o mundo girava em torno de mim, das conspirações maquiavélicas, dos pais monstros, de ser sempre certa.. e incompreendida.
Nossa, como eu tenho saudade de me sentir um gênio.
Sinto saudade de não viver no mundo real.....
Eram bobagens, tolices, ilusões, mas mesmo assim, eu tenho saudade .


É incrível como, num pequeno espaço de tempo, tantas coisas se afastam,se ausentam, ficam longe.
É absurdo como a gente cresce e não percebe.
Eu nunca quis amadurecer....

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

'' A imprensa só É se for livre.''

E com essa citação, brilhante do tucano Geraldo Alckmin [ ou aufiman, como diz minha tia ] começo meu post : '' A expressão imprensa livre deveria ser um pleonasmo. A imprensa só é se for livre ''
Eba, 90 de folha de São paulo, quase um século ! Foi comemorada com muita pompa e discursos de ''grandes '' [ por grandes entenda famosos ] políticos.
Entretando o Diretor de redação  Otavio Frias Filho fez um discurso que realmente acho relevante postar. Ele disse :

[...]O jornalismo, tal como procuram praticá-lo, é um serviço de utilidade pública. Divulgar a verdade, estimular um exercício consciente da cidadania, iluminar o debate dos problemas coletivos- que outra atividade seria mais elogiável e necessária do que essa ?.
E no entanto, o jornalismo sempre fica aquém de sua ambiciosa missão. O julgamento humano é precário. A pressa, inerente à profissão, leva a conclusões precipitadas, relatos superficiais, omissões e erros.
A única resposta para esse dilema, expresso num recomeço diário que lembra o trabalho de Sísifo, é um autêntico desejo de melhorar. [...]

Também achei interessantes algumas partes do discurso da Presidente da República Dilma Roussef [ eita o povo brasileiro vai pena pra falar o nome dela, Lula da Silva é uma coisa.. agora Roussef.. auhuha].

[...]A multiplicidade de pontos de vista, a abordagem investigativa e sem preconceitos dos grandes temas de interesse nacional constituel requisitos indispensáveis para o pleno usufruto da democracia, mesmo quando são irritantes, mesmo quando nos afetam, mesmo quando nos atingem[...]Uma imprensa livre plural e investigativa, ela é imprescindível para a democracia num país como o nosso, que além de ser um país contingencial, é um país que congrega diferenças culturais apesar da nossa unidade.[...]

Ela também falou sobre uma Democracia viva.
Acho engraçado o Brasil falar sobre democracia, porque isso é concerteza um assunto do qual somos leigos. Os políticos , ao que parece, tem uma demofobia explícita , horror ao povo mesmo!
Nós não vivemos uma democracia, porque o poder não está na mão do povo, é uma oligarquia de pessoas mais intelectualizadas cujo objetivos sempre são pessoais que controla a massa imbecilizada, digo imbecilizada e não imbecil, pois todos temos capacidade para utilizar nossas faculdades, apesar de insistirmos em ser idiotas manipuláveis.
A nossa política sempre foi falha, primeiro o voto era manipulado, reservado a uma minoria coagida, depois o voto se torna universal, e começamos a enfatizar a IMPORTÂNCIA DO VOTO , mas influenciamos a população a não gostar de política
.Nos colocaram a impressão de que política é chata e não merece ser discutida, e estudada. Um exemplo disso é a frase corriqueira e IGNORANTE de que POLÍTICA, religião e futebol não se discute.  ORA, ENTÃO DISCUTIREMOS O QUE ? A nova tendência da moda, a nova cor de esmalte, e preço do macarrão ?
Sinto as vezes que o povo gosta de ser burro,leigo, alienado !
Mas tenho no fundo a esperança de que, se a mídia algum dia começar a enfatizar a importância , não do voto em sí, mas do voto CONSCIENTE,[quando a pessoa conhece seu candidato, o partido, entende de política e sabe o que está fazendo] e explicar política de uma forma que a massa consiga entender, ai sim as coisas mudariam, e o povo teria voz.
Afinal, isso é pensar no povo, isso é comunicação eficiente, e um retorno bom, falar com o público alvo com uma linguagem que esse publico alvo entenda.

E a imprensa nisso tudo tem um papel crucial, de conscientização da população, O importante é evitar sempre que as pessoas se tornem reféns, sejam controladas pelo Estado, sejam tuteladas pelas religiões !!!

CPMF - O RETORNO.

Tá, é exagero, por enquanto essa história da volta da CPMF é só burburinho e especulação, mas eu que sou uma cidadã prevenida, já vou dando meu parecer sobre o assunto.
Não é necessária a criação de um novo imposto !!
Porque a CPMF tem pontos extremamente negativos, um é a sua regressividade, por ela ter a mesma incidencia percentual, atinge mais quem ganha menos !! Outro é a sua cumulatividade, ela incide em todas as etapas da formação dos preços.
Eu acho que há uma solução MELHOR e mais eficiente, apesar de utópica e surreal, é simples, só os políticos pararem de roubar, ou roubar menos. Se por por um milagre, isso acontecer, mesmo com cortes  nos orçamentos de R$50 bilhões [o que acho meio improvável visto que o inicial corte de 2,5 bi foi de 900 milhões ] por causa da copa não prejudicariam tanto o País, e não seria necessária a criação de um novo imposto que atingisse a classe baixa.
Então, meus queridos, parem de ferrar o país, já que vamos cortar orçamentos.. que os orçamentos cortados sejam os dos SEUS BOLSOS !! E tenho dito.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

John Lennon da Silva e a morte do cisne

Vi uma reportagem na  Folha de São Paulo sobre um tal John Lennon da Silva, o que me prendeu a atenção, de início,  foi o nome do cara, mas me apaixonei completamente pelo artista.
Ele fez uma nova versão da Morte do Cisne , do ballet russo O lago dos Cisnes, [interpretado pela  bailarina russa Ana Pavlova ] , misturando um balé clássico dramatico com Street Dance.
Eu fiquei puramente e extremamente apaixonada pelo John, jovem simples, 20 anos, autodidata , e um artista incrível. O que ele fez foi realmente memorável, criou uma expressão única , própria , e mesmo sem ter estudado dança, com qualidade técnica e artística.Ele pegou  bases da morte do cisne e criou uma coreografia de street.
E não foi só a mim que  emocionou, até jurado ele fez chorar !
E o engraçado é que fez isso num momento muito favorável, o filme mais visto nos cinemas, no momento, adivinhem qual foi ? Cisne negro [ black swan ] , mas é assunto pra outro post.
No mais, deixo os links do video da versão do John da morte do cisne, e a versão original.
Quem puder veja outros videos dele dançando, é realmente talentosíssimo.

http://www.youtube.com/watch?v=RM2Aio9mvNE&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=9exYac33VtI

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Sadismo do século XXI

Eu estava aqui pensando em algo para escrever, e num site vi um video de uma criança que estava espremendo o furûnculo, o coitado estava morrendo de dor e fazia umas caretas engraçadas; logicamente o video se tornou um sucesso, fizeram montagens com a cara do menino, a maior zuação.
Depois me veio à mente o video de um menino que sem querer mata um passarinho e fica berrando dizendo que vai pro inferno porque matou o bichinho, chorando e sofrendo, uma judiação. Adivinha ? também é motivo de risadas pra todos que assistem.
Então me pergunto, o que diabos aconteceu com esse mundo ?

UM SADISMO GERAL EXACERBADO.

Hoje, comédia é isso. Pegue qualquer filme atual, americano, de comédia que as piadas giram sempre em torno do sofrimento de um determinado personagem, que só se mete em enrrascadas, situações extremamente constrangedoras que geralmente envolvem humilhação e até prejuizos físicos.
As coisas começaram a perder a graça, piadas inteligentes e críticas praticamente estão em fase de extinção, porque elas levam a massa a fazer algo que a oligarquia manipuladora não quer que as pessoas façam : Pensar !! Então, se inicia um processo de 'desumanização' ; pouco a pouco , se insere no nosso meio , através dessa mídia, uma velada e certeira ''politica do antes ele do que eu ''. É preferível rir do erro , do problema, da frustração  e da vergonha alheia do que mostrar um pouco de compaixão.
Deixando de lado toda hiprocrisia, é claro que  nossa ímpeto é de gargalhar quando vemos um amigo levando um tombo. Mas me pergunto, por ser automático quer dizer que é certo ? Temos muitos mecanismos de defesa, nosso cérebro funciona assim, porque obviamente se tivessemos que analisar cada detalhe, ângulo e circunstância de uma situação de perigo nosso cérebro pifaria. Todavia, estes mecanismos são responsáveis por muitos assassinatos culposos (meramente ilustrativo). 
Se, por ventura, você fosse sequestrado por alguém cruel e sádico, que te machucasse e tentasse te matar , e num milagre conseguisse escapar, imagine que estaria atento e acuado numa sala escura, vê movimentos suspeitos, alguém aparece do nada vindo pra cima de você , seu ímpeto seria machucar essa pessoa ou se defender, seria um mecanismo de defesa... entretando poderia não ser seu sequestrador e você poderia machucar um inocente.
Tendo este argumento em vista, nem sempre nossas atitudes automáticas são justificáveis ou certas. Creio que , nós rimos da desgraça alheia, porque nós sempre procuramos nos vitimizar e desejar a vida do outro. 
Sempre julgamos precocemente todos que estão ao nosso alcance, jogamos bombas de critica sem ao menos refletir sobre a situação ou o ângulo da pessoa que está sendo crucificada.Somos os primeiros a botar os pregos nas cruzes e jogar cordas nos pescoços dos outros.
Nós sentimos prazer em ver o sofrimento do outro, porque assim, de certa forma , compensamos nossas próprias frustrações.Aprendemos que o bom não é melhorar nossa vida, e sim piorar a vida do outro.Um valor errado e invertido, deveríamos nos ajudar mutuamente e não prejudica-nos mutuamente , é muito fácil levar 10 pra cova com você, dificíl é descer um palmo a mais pra subir o outro um palmo a cima. 
Se continuarmos com esse comportamento e essa ideologia, no final, todos estaremos ferrados.. juntos. Todavia, se olhamos deste novo ângulo, e tentassemos ajudar e amar uns aos outros, estariamos todos juntos, sim, mas concerteza não estaríamos ferrados.
O que é mais importante, estar junto , ou estar bem ????? 
bom mesmo é estar junto E bem.

Jesus disse pra vc:"Se compreendesses como EU te amo, não mendigaria qualquer amor!

Então, vamos tentar pensar antes de fazer, por mais automático que seja, nós temos agido sem refletir, nós recebemos a marmita fria e comemos fria... Vamos nos tornar menos ácriticos e perceber que até uma risada de um video aparentemente inocente pode levar a uma reflexão complexa sobre nossos valores e principalmente, nossas atitudes.

500 dias com ela...

500 days of summer, um trocadilho bonitinho, Summer (Zooey Deschanel) é a protagonista, mas o titulo do filme pode ser interpretado como 500 dias de verão.
Um filme divertido, bacana, e o melhor.. que não tem um final feliz.
Na verdade, não que seja um final triste.. como de um drama, mas é um final real, o filme apenas retrata um relacionamento de uma forma bem humorada, e realista, o que faz com que o publico se identifique, afinal , quem nunca passou por uma decepção amorosa?
Eu indico o filme, o diretor(Marc Webb) é novo nos longas, mas fez um trabalho super bacana, mesmo sendo mais acostumado a fazer curtas e videoclipes, e o melhor.. é que o filme mais pareceu um curta, ou um videoclipe.. longo.
A história é legalzinha, Tom( Joseph Gordon-Levitt) é um escritor de cartões comemorativos, ai conhece uma menina ''doidinha ' , super autêntica e descompromissada com tudo. Que começa a trabalhar como secretária no escritório onde ele trabalha, se apaixona a primeira vista.
E eles tem um relacionamento super bacana, mas .. acontece o inevitável, um se apaixona, enquanto o outro apenas gosta.
Ai o relacionamento começa a desandar.. e o final, é como qualquer outro, acaba.
O mais legal do filme.. é o modo como o diretor coloca, ele corta a historia em partes.. dias na verdade, de forma não linear, e vai alternando as fases boas e ruins.. passado.. e presente.. e não fica confuso, muito bem elaborado.
E tem um final muito bom, bem sujestivo.. mas.. a vida é assim.
Não existe o ' felizes para sempre ' .
Foi apenas um filme simples sobre relacionamento, não sobre utopia de amor eterno..

Vale a pena ver.
E de quebra, tem uma trilha sonora ótima.

Com Smiths, Regina spektor, Mumm-ra , Doves,Carla Bruni.. e muitas outras musicas muito boas.
Vale a pena assistir.

E quem sabe esse filme não seja uma promessa? talvez esse estereótipo de filme hollyudianos finalmente acabe, com uma nova geração de filmes divertidos, e autênticos, que condizem parcialmente com a realidade.
Ou não, talvez para muitos seja frustrante ou entediante.

Mas eu gostei. : )

A via láctea

Hoje vi uma crítica ao filme ‘á via láctea’. Falava da linguagem ‘poética e musical’ (babando) da diretora Lina Chamie.
Em partes, eu concordo com o José Geraldo Couto, colunista da folha que escreveu a crítica. O filme não é de todo ruim, é legal a idéia de fugir do realismo dos draminhas psicológicos urbanos.
Só que o filme é muito abstrato, e no fim das contas, não é um filme que abre seus olhos pra alguma verdade incrível, para uma ‘epifania’ ou coisa parecida.
Para os que não assistiram ao filme se sentirem leigos: a história é basicamente, um cara, Heitor (Marco Ricca) que atravessa a Avenida Paulista atrás da namorada Júlia (Alice Braga), com quem discutiu ao telefone.
Concordo com o colunista nos seguintes aspectos:
-A viagem de Heitor em busca de Júlia é mais musical do que geográfica, se é que me entendem, porque sua progressão não é linear, e sim feita de tema e variações, de motivos recorrentes, e rimas visuais e sonoras.
-É um deslocamento inverossímil (o protagonista demora horas para percorrer a avenida) mais espiritual que físico.
Todavia, não acho um filme assim genial, talvez um filme com personalidade (se é que posso me expressar assim). Mas acaba sendo um filme entediante e redundante, com um clima estranho, uma tensão que se intensifica no final, com muita ‘locução em off’,os flashbacks anuviam um pouco a tensão inicial, dando uma visão diferente ao filme.. Mais narrativo, porém só durante os flashbacks dele com Júlia, mostrando mais sobre o relacionamento dos dois, as coisas que aconteceram.
Mas alguns são muito deslocados no tempo, que se torna difícil identificar, umas cenas e diálogos repetidos.
E uma coisa que tem que se ter cuidado quando se faz filmes não-lineares, cuidado para não ficarem buracos no roteiro, deixando a trama mais confusa.
Adoro filmes não – lineares, quando coerente, um monte de cenas aleatórias não correlacionadas com um clima desfavorável pode destruir um filme que poderia ser delicioso.
O filme é muito abstrato, algumas vezes isso é sedutor, nesse caso, irritante.
Entretanto não sei exatamente se é um filme bom ou ruim, aliás, nem cabe a eu julgar, só mostro minha humilde opinião nesse diário mais pessoal do que qualquer outra coisa, assistam o filme e vejam se conseguem terminá-lo, ou não.
Só não se pode negar que a iniciativa, a idéia de Chamie foi muito boa, talvez se uns cenários diferentes... Talvez atores diferentes, diálogos diferentes, e talvez menos dramatismo fizessem um filme melhor.