sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

A via láctea

Hoje vi uma crítica ao filme ‘á via láctea’. Falava da linguagem ‘poética e musical’ (babando) da diretora Lina Chamie.
Em partes, eu concordo com o José Geraldo Couto, colunista da folha que escreveu a crítica. O filme não é de todo ruim, é legal a idéia de fugir do realismo dos draminhas psicológicos urbanos.
Só que o filme é muito abstrato, e no fim das contas, não é um filme que abre seus olhos pra alguma verdade incrível, para uma ‘epifania’ ou coisa parecida.
Para os que não assistiram ao filme se sentirem leigos: a história é basicamente, um cara, Heitor (Marco Ricca) que atravessa a Avenida Paulista atrás da namorada Júlia (Alice Braga), com quem discutiu ao telefone.
Concordo com o colunista nos seguintes aspectos:
-A viagem de Heitor em busca de Júlia é mais musical do que geográfica, se é que me entendem, porque sua progressão não é linear, e sim feita de tema e variações, de motivos recorrentes, e rimas visuais e sonoras.
-É um deslocamento inverossímil (o protagonista demora horas para percorrer a avenida) mais espiritual que físico.
Todavia, não acho um filme assim genial, talvez um filme com personalidade (se é que posso me expressar assim). Mas acaba sendo um filme entediante e redundante, com um clima estranho, uma tensão que se intensifica no final, com muita ‘locução em off’,os flashbacks anuviam um pouco a tensão inicial, dando uma visão diferente ao filme.. Mais narrativo, porém só durante os flashbacks dele com Júlia, mostrando mais sobre o relacionamento dos dois, as coisas que aconteceram.
Mas alguns são muito deslocados no tempo, que se torna difícil identificar, umas cenas e diálogos repetidos.
E uma coisa que tem que se ter cuidado quando se faz filmes não-lineares, cuidado para não ficarem buracos no roteiro, deixando a trama mais confusa.
Adoro filmes não – lineares, quando coerente, um monte de cenas aleatórias não correlacionadas com um clima desfavorável pode destruir um filme que poderia ser delicioso.
O filme é muito abstrato, algumas vezes isso é sedutor, nesse caso, irritante.
Entretanto não sei exatamente se é um filme bom ou ruim, aliás, nem cabe a eu julgar, só mostro minha humilde opinião nesse diário mais pessoal do que qualquer outra coisa, assistam o filme e vejam se conseguem terminá-lo, ou não.
Só não se pode negar que a iniciativa, a idéia de Chamie foi muito boa, talvez se uns cenários diferentes... Talvez atores diferentes, diálogos diferentes, e talvez menos dramatismo fizessem um filme melhor.

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